Desde domingo (01.05), Moçambique lidera o Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 Estados-membros. O reforço do papel dos países africanos nos desafios globais é uma dos pontos de destaque este mês.
Sob a presidência moçambicana, o Conselho de Segurança vai realizar o seu debate anual sobre a proteção dos civis. Moçambique vai organizar um debate de alto nível sobre o reforço do papel dos Estados africanos na abordagem dos desafios globais de segurança e desenvolvimento, agendado para 23 de maio.
O embaixador moçambicano junto da ONU, Pedro Comissário, disse à Rádio ONU nesta quarta-feira (01.05): “Queremos um fortalecimento dos Estados africanos para desempenharem as funções de promotores de paz, segurança e desenvolvimento. Este é um tema importante para nós. Chegamos a conclusão que o Estado africano, como instituição, tem de ser fortalecido para desempenhar plenamente as suas funções”.
Os conflitos na Líbia, Sudão, Sudão do Sul e Sahel também merecerão atenção, acrescentou o embaixador moçambicano.
Esta é a segunda vez que Moçambique preside o Conselho de Segurança no atual mandato de dois anos, para o qual tomou posse como membro não-permanente em janeiro de 2023.
Em relação ao Médio Oriente, o Conselho de Segurança tem reuniões agendadas sobre a Síria, Iémen, Iraque, Líbano e sobre a questão palestiniana. O embaixador moçambicano admitiu a possibilidade de reuniões adicionais sobre o Médio Oriente, dependendo dos desenvolvimentos na Faixa de Gaza e em Israel.
“Nunca se esperaria que a Comunidade Internacional ficasse de mão cruzadas perante a morte das crianças, mulheres e homens em Gaza e na Palestina. A nossa consciência não nos permitiria estarmos tranquilos”, afirmou.
EUA questionam preocupação do Hamas para com palestinianos
Pedro Comissário reiterou que o seu país apoia um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e que irá encorajar esforços nesse sentido enquanto for presidente do Conselho de Segurança: “Todos os Estados-membros do Conselho de Segurança querem ver o sucesso desses esforços para que haja um cessar-fogo e que chegue ajuda humanitária ao povo sofredor de Gaza”.
Nesta quarta-feira (01.05), dezenas de camiões de ajuda humanitária foram fotografados na fronteira norte entre Israel e Gaza, pouco depois de Israel ter reaberto o posto de controlo. O facto acontece numa altura em o secretário de Estado dos EUA está no Médio Oriente para pressionar o Hamas a aceitar uma trégua na Faixa de Gaza.
Antony Blinken disse que a rejeição pelo Hamas da proposta, atualmente em cima da mesa das negociações, mostraria a sua falta de consideração pelos palestinianos:
“Se o Hamas se preocupa com o povo palestiniano e quer ver o seu sofrimento imediatamente aliviado, aceitará o acordo. Se não o fizer, penso que é mais uma prova de que não se preocupa com o povo palestiniano”, entende.
Mas, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse a Blinken que não irá aceitar qualquer acordo com o Hamas que inclua o fim da guerra. Há vários meses que decorrem negociações indiretas mediadas pelo Egipto, Qatar e Estados Unidos, com o Hamas e Israel a acusarem-se mutuamente de bloqueios.
Fonte:dw.com/pt