A Coligação Aliança Democrática (CAD) diz que o seu delegado em Nacaroa foi intimidado pela administradora e ameaçado de perder o emprego. Governante refuta as acusações e ameaça processar o novo partido por difamação.
Há ou não intolerância política em Nampula, norte de Moçambique? A Coligação Aliança Democrática (CAD), movimento fundado por Venâncio Mondlane, acusa as autoridades governamentais de estarem a perseguir os seus membros.
A denúncia é do delegado provincial da CAD em Nampula, Castro Niquina, que diz que o caso mais recente aconteceu nas últimas duas semanas no distrito de Nacaroa, a norte da província. Acusa a administradora local, Rosa Jerónimo, de ter intimidado o delegado distrital por alegadamente pertencer à coligação.
“O nosso delegado distrital foi intimidado pelo gerente do banco onde ele exercia as suas atividades, pelo facto de ser a pessoa que encabeça o partido naquele ponto da província. O gerente ameaçou-o de que iria tirar o seu pão, caso insistisse a trabalhar para o partido. Dois dias depois, apareceu a administradora diante do delegado e ameaçou também nos mesmos moldes e protera vingar-se”, disse.
Segundo Niquina,o partido tentou inteirar-se e pedir satisfações às autoridades, mas sem sucesso. “Quando nos apercebemos seguimos para o distrito, mas infelizmente a administradora não quis fazer presente, tendo indicado um membro do seu governo que não chegou a dar satisfações agradáveis”, disse.
Castro Niquina garantiu que o partido não vai cruzar os braços e prometeu processar a administradora.
Administradora desmente acusações
Em entrevista à DW, Rosa Jerónimo desmentiu as alegadas intimidações ao delegado da CAD em Nacaroa.
“Tivemos alguma informação de que ele [o delegado da CAD] ali, as pessoas antes de entrarem no banco primeiro tinha de passar o seu nome a ele, e eu fui ter com ele para lhe fazer perceber que apenas nós temos um banco [no distrito] e pessoas para aderirem está a ser difícil, e que não transforme o mesmo em partido político. E depois nunca mais me encontrei com a pessoa. Pela denúncia não me disseram quem era [funções partidárias] e nome dele. E lembro que eram três seguranças”, disse.
A administradora de Nacaroa diz que, embora não tenha sido antecipada a uma reunião, delegou um membro do seu governo, pois encontrava-se, na altura, fora do distrito em missão de serviço. Rosa Jerónimo equaciona agora mover uma ação criminal contra a CAD, por alegada difamação.
Outros casos
De acordo com o responsável máximo da CAD em Nampula, este não é um caso isolado: os seus membros também estão a ser perseguidos pelos partidos políticos, principalmente a RENAMO, o principal partido da oposição moçambicana.
“Durante a semana passada, fomos trabalhar numa localidade da cidade de Nampula e por coincidência na mesma zona deparamos com alguns irmãos do partido RENAMO que tiveram tendências de agredir os nossos membros, mas isso não aconteceu [pelo facto dos membros da CAD não cederem], e estamos a evitar que isso venha crescer”, disse.
Um responsável da RENAMO, que não quis gravar entrevista, disse à DW que não é verdade e entende que essa seja uma estratégia da CAD para chamar atenção e ganhar mais visibilidade.