Bulande Domingos e Joaquim Tauzene Rádio Pax-Beira-Moҫambique
Em Moçambique o uso de moedas estrangeiras nas transações comerciais tornou-se uma prática comum, especialmente em regiões fronteiriças e em setores específicos da economia. Enquanto alguns cidadãos preferem utilizar o metical para fortalecer a economia interna, outros veem vantagens em recorrer a moedas estrangeiras devido à oscilação cambial e à diferença de preços nos países vizinhos.
Abrão Domingos, residente na cidade da Beira, afirma que opta pelo metical em suas transações diárias, pois acredita que essa escolha contribui para a valorização da moeda nacional e para o fortalecimento da economia interna. No entanto, admite ter pouco conhecimento sobre as variações da taxa de câmbio e seu impacto no custo de vida.
Já Gil Duarte, residente no distrito de Milange, na província da Zambézia, destaca que muitas vezes prefere utilizar a moeda do vizinho Malawi. Segundo ele, o metical tem maior valor de compra naquele país, tornando mais vantajoso adquirir produtos do outro lado da fronteira.
O economista Lourito António alerta que a utilização frequente de moedas estrangeiras em Moçambique contribui para a desvalorização do metical, tornando-o cada vez mais frágil no mercado cambial. Para ele, é urgente que o Banco de Moçambique adote políticas monetárias eficazes para mitigar os riscos da inflação e estabilizar a moeda nacional.
Além disso, a economista Sheila da Laura, chama a atenção para os perigos do câmbio clandestino, que, além de encarecer produtos e serviços, facilita práticas ilícitas como a lavagem de dinheiro. Para enfrentar essa situação, defende que o Banco de Moçambique fortaleça o uso do metical, melhore os serviços bancários, ofereça incentivos fiscais e invista na educação financeira da população. Sheila enfatiza ainda a necessidade de incentivar a produção nacional, uma estratégia essencial para impulsionar a circulação do metical e promover a estabilidade econômica do país.
No geral, especialistas apontam que a valorização do metical depende de um equilíbrio entre o controle da inflação, o fortalecimento das políticas fiscais e monetárias e o estímulo à economia interna. Enquanto isso, a população continua dividida entre a conveniência do uso de moedas estrangeiras e a necessidade de fortalecer a moeda nacional.