Os líderes religiosos e comunitários dizem que melhorou bastante a relação entre as comunidades e as Forças de Defesa e Segurança (FDS). Segundo avançaram, esta segunda-feira, depois da transição do ano, os residentes das comunidades locais passaram a comunicar às autoridades rapidamente qualquer movimentação que consideram estranha em Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado.
Sheik Shama Antumane é um dos mais destacados líderes religiosos de Mocímboa da Praia. No segundo dia de 2023, em sua casa, naquele distrito de Cabo Delgado, onde igualmente funciona uma pensão, informou que com o terrorismo perdeu quase tudo e viu a sua própria residência ser incendiada. Ainda assim, em quatro meses, conseguiu reabilitá-la.
Sheik Shama Antumane passou as festas com a sua esposa e alguns dos seus trabalhadores. Os seus filhos e netos continuam em Pemba. Neste momento, considera que a segurança está restaurada em Mocímboa da Praia. Prova disso é que desde que a população regressou, nenhuma aldeia foi atacada. E isso é resultado da vigilância popular, segundo disse.
Outro líder comunitário que considera que a situação está controlada numa coordenação entre as comunidades e as Forças de Defesa e Segurança é Xavier. Para o líder comunitário, a colaboração entre a comunidade e as Forças de Defesa e Segurança é a chave do sucesso.
Diferente de Sheik Shama Antumane, a casa de Xavier não foi incendiada, mas roubaram-lhe todos os seus bens. Só regressou a Mocímboa da Praia com a sua esposa e a sua sogra. Os seus 10 filhos e netos continuam na Cidade de Pemba.
Os dois líderes acreditam que Mocímboa da Praia jamais voltará a ser ocupada pelos terroristas e, por isso, deixam um apelo de regresso aos bancos comerciais, que os consideram essenciais para a rápida recuperação da actividade económica.
O governo de Mocímboa da Praia está a distribuir sementes para garantir a autonomia alimentar das famílias que retornaram ao distrito. Jovens locais pedem ainda treinamento militar para garantir segurança nas aldeias. Por exemplo, Adelino Lucas, de 32 anos, vive na aldeia Njama, arredores da Vila de Mocímboa da Praia. Esteve durante três anos, deslocado em Mueda e há dois meses regressou à sua aldeia e preparou um campo agrícola, onde plantou mandioca e semeou milho. Com a produção, espera não mais ter que depender de ajuda para alimentar a sua família.
Em Mocímboa da Praia, esta terça-feira, um camião de 60 toneladas distribuiu semente de milho em diferentes aldeias. A expectativa do Governo distrital é assegurar comida para as famílias sem ter que depender da ajuda humanitária.