Uma sequência de novos ataques de rebeldes armados em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, está a provocar uma vaga de deslocados e complicando mais a crise humanitária acentuada pela interrupção da ajuda do Programa Mundial Alimentar (PMA) este mês, disseram à VOA nesta segunda-feira, 6, activistas e residentes.
O grupo rebelde iniciou uma série de ataques a aldeias do sul de Cabo Delgado, parte dos quais reivindicados pelo Estado Islâmico, além de destruir com fogo várias propriedades, deixando muitos refugiados nas matas e sem assistência alimentar em Meluco, Mueda e Montepuez.
A especialista em extremismo violento em África, Jasmine Opperman, escreve na sua conta no Twitter, que o Estado Islâmico reivindicou pelo menos quatro ataques, sendo dois a 4 de Fevereiro em Mueda e Montepuez.
“Em Meluco estão lá desde quarta-feira, ainda não saíram e a população está de um lado para outro nas matas tentando escapar”, disse à VOA Safira Ibrahimo, deslocada de guerra.
“A situação estava calma, mas agora rebentou de novo”, acrescentou.
Issufo Momad, um dos lideres de um campo de abrigo em Ancuabe, distrito vizinho de Meluco, disse que dezenas de deslocados procuraram abrigo no seu campo na sequência dos novos ataques, e alem da insegurança agora devem enfrentar a fome.
“Agora são duas guerras praticamente. Fugir as armas do inimigo e enfrentar a fome”, disse Momad, insistindo que a época é critica, por ser “o pico da fome, porque os campos agrícolas ainda não têm produção”.
A igreja Católica, através do seu braço humanitário, disse que o corte da ajuda do PMA é feito num “momento complicado e sofrido”, não apenas pela nova escalada de violência, mas pela ausência de alternativas de subsistência.
Estima-se que mais de 735.000 pessoas estejam deslocadas internamente em Moçambique devido ao conflito em Cabo Delgado, incluindo 663.276 em Cabo Delgado, 68.951 em Nampula e 1.604 em Niassa.