Ivo Garrido, membro da Associação de Amizade e Solidariedade com a Palestina (ASP) diz que é preciso parar de chamar de conflito entre Israel e Palestina o que está a acontecer no médio oriente, pois se trata da maior colonização dos tempos modernos, onde Israel é o opressor e a Palestina o oprimido.
Para Garrido, é muito grave, mil vezes pior do que aconteceu em Moçambique durante a colonização portuguesa, ou até na África do Sul, com o Apartheid.
“O povo palestino é maltratado todos os dias nos últimos 75 anos. Morrem todos os dias há 75 anos e são humilhados todos os dias. Para eles saírem de casa, devem passar por um posto de controlo israelita e mostrarem o seu bilhete de identidade. Quando voltam para casa é a mesma coisa, e em cada posto de controlo eles podem ficar duas ou três horas, os guardas a jogarem cartas. Quando terminam é que atendem”, narrou Ivo Garrido.
O membro da ASP condena o facto de Moçambique estar em silêncio, de ter despertado com o que está a acontecer depois do ataque de 7 de Outubro, em Israel, quando o grupo Hamas assassinou mais de 1400 pessoas.
“É muito raro encontrar um moçambicano que perceba o que se está a passar lá, as pessoas até comentam que eles sofrem e por aí, mas ninguém tem a real noção do sofrimento deles, nós só reagimos como o patrão do colono (os europeus e EUA) estalam os dedos, como no dia sete morreram muitos israelitas, estamos atentos, mas antes já tínhamos palestinos mortos diariamente e ninguém falou, só reagimos quando a CNN, a RTP e a Euronews falam, não estamos a perceber que estamos a ser joguetes deles”, criticou.
Garrido falava este domingo, numa palestra organizada pelo Conselho Islâmico de Moçambique, intitulada “Palestina somos todos nós”, onde esteve presente, também, Sheik Saide Habibo que, na ocasião deu nome aos acontecimentos e disse tratar-se de terrorismo e genocídio que Israel está a fazer contra a Palestina. Segundo Habibo, o desentendimento entre os dois povos dura há mais de 100 anos, fomentado por alguns países Europeus.
Apesar das divergências, vários acordos entre as partes foram assinados, mas Israel nunca respeitou e, por isso, agora, cansado de sofrer, o povo palestino decidiu retaliar e, em troca, são chamados terroistas.
“Quando os soldados israelenses morrem dizem que foram mortos por terroristas, o grupo Hamas, e, quando os palestinos morrem, simplesmente são pessoas que morreram. Israel não está a atacar militares, está a atacar inocentes, crianças, mulheres indefesas, que nada têm haver com o conflito, isto é uma barbaridade”, lamentou o Sheik.
Habibo disse mais, que Israel está a cometer um crime contra a humanidade, mas não será sancionado. É como se ninguém estivesse a ver. Mas se fosse o contrário, já haveria pessoas a responderem no Tribunal Penal Internacional.
O embaixador da Palestina, Faez Jawad, que participou na palestra, criticou mais uma vez a comunidade internacional, que para ele está a apoiar e é cúmplice do extermínio dos palestinos, por isso, apelou para cumprirem os seus deveres e trabalharem para o fim da guerra “suja”.
“Apelamos, também, para que ajudem a fornecer corredores seguros para a chegada de ajuda médica e alimentar e que forneçam energia, água, gás e energia ao nosso povo sitiado por causa de israel”, instou Jawad.
Fonte: O Pais.