Médicos moçambicanos aprovaram um novo período de greve de 21 dias, o terceiro consecutivo desde 10 de julho, apelando ao Presidente, Filipe Nyusi, para terminar com a atual “crise” que paralisa os hospitais.
“Decidimos prorrogar a greve por mais 21 dias, nos moldes em que vínhamos exercendo anteriormente, claro, com a prestação de serviços mínimos para que a nossa população não sofra mais”, anunciou no final da assembleia-geral, em Maputo, o presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Milton Tatia.
“Lançar um apelo àquele que nós acreditamos que é a única pessoa que pode colocar um ponto final nesta crise que se vive para o Serviço Nacional de Saúde, que é sua excelência o Presidente da República. Queremos publicamente lançar um apelo para que ele ponha um fim nesta crise”, acrescentou.
A assembleia-geral deste domingo (20.08), com a participação de dezenas de médicos, tinha como único ponto de agenda decidir sobre a prorrogação da greve da classe, que protesta sobretudo contra cortes salariais, no âmbito da aplicação da nova tabela salarial da função pública, e falta de pagamento de horas extraordinárias, bem como na defesa do Serviço Nacional de Saúde e do estatuto dos médicos.
“Queremos também apelar aos nossos pacientes, à nossa população, àqueles que de facto vivem o dia-a-dia dos hospitais, conhecem a realidade dos hospitais, a se juntarem, nós estamos a lutar pelo povo, estamos a lutar pelos nossos pacientes. Sabemos que muitas vezes eles não têm coragem de falar, mas nós já demos o pontapé de saída. Já começámos a falar das condições de trabalho e pedimos que eles se juntem a nós”, disse Milton Tatia.
O dirigente associativo acrescentou que desde o início desta greve, em 10 de julho e que na segunda-feira (21.08) entra assim no terceiro período consecutivo de 21 dias de paralisação, a classe assiste a “várias intimidações, desde ameaças de marcações de faltas, descontos salariais, rescisões de contrato”, entre outras.
“Nos últimos dias, o tom da ameaça aumentou, nós recebemos uma informação que foi dada uma ordem superior, aquelas ordens superiores que não têm rosto nem nome, para que os três membros da direção da AMM fossem abatidos. Estamos a falar do Presidente. Eu, do vice-presidente, o doutor Paulo Augusto, e do secretário-geral, o doutor Napoleão Viola”, denunciou Milton Tatia.
“Sobre esta ameaça, nós queremos dizer aqui, publicamente, que nós não vamos recuar. Nós temos a consciência de que é nosso dever, como médicos e como cidadãos, lutar por um melhor Serviço Nacional de Saúde e lutar por um melhor país, não só para nós como para as futuras gerações”, frisou.
Fonte: Dw.com