O Sindicato Nacional de Jornalistas-SNJ, elege, esta semana, um novo secretário-geral, em conferência que poderá, segundo analistas, frustrar a expectativa da classe jornalística moçambicana, por falta de transparência na sua organização, incluindo o facto de concorrerem para o cargo indíviduos que já não estão a fazer jornalismo.
Esta conferencia é aguardada com enorme expectativa, porque a classe jornalística acredita que possa tirar o sindicato do marasmo em que se encontra em contexto de graves violações à liberdade de imprensa, que se traduzem na perseguição e detenção de jornalistas, praticamente sem qualquer intervenção do SNJ.
Três candidatos concorrem para o cargo de Secretário-Geral, dois dos quais já reformados, Delfina Mugabe e Faruco Sadique que, de alguma forma, desempenharam funções neste sindicato, que no passado foi bastante influenciado pelo Partido no poder. O outro candidato é Alexandre Chiure, ainda no activo.
Sadique foi Presidente do Conselho Administrativo da Televisão de Moçambique e da Rádio Moçambique, e Delfina Mugabe foi directora adjunta no Jornal Noticias.
Para o jornalista Luis Nhachote, da Global Investigative Journalism Network, há aqui uma tentativa de colocar no SNJ um secretário-geral da confiança do partido no poder, “porque o corpo que compõe o sindicato, grosso modo são jornalistas da Rádio Moçambique, Televisãoo de Moçambique e Jornal Notícias, e não me parece que haja alguém nestes órgãos que não seja da Frelimo”.
Quotas em dia
Contudo, fonte da Frelimo negou que o partido esteja a apoiar qualquer candidato para a eleição do próximo dia 20, em Mafambisse, Sofala.
O jornalista Laurindos Macuacua, diz que não augura bons resultados desta conferência, porque os delegados são maioritariamente jornalistas do sector público, aqueles que têm as quotas em dia, e que poderão votar num candidato que já fez parte de um órgão público.
Macuacua referiu que muitos jornalistas da imprensa não irão votar, porque não pagam quotas. Ele lamenta que tivessem sido resgatados candidatos ao cargo de secretario-geral indivíduos que já não estão no activo.
A conferência vai ter lugar em Mafambisse, cerca de 30 quilômetros da cidade da Beira, em Sofala, o que, para o jornalista Egidio Plácido, é estranho estar por ser distante das zonas urbanas onde está concentrada a maior parte de jornalistas.
“Isso vai fazer com que muitos desses jornalistas não votem, exactamente porque não poderão estar presentes no local da conferência, o que acabará por favorecer aqueles que há bastante tempo vêem dirigindo de forma ilegal o Sindicato Nacional de Jornalistas’’, realçou.
Entretanto, Luis Nhachote espera que saia da conferência um secretariado mais proactivo, “porque não podemos ter um sindicato apático num contexto cheio de atropelos à liberdade de imprensa, e noutras vertentes, como, por exemplo, a formação de jornalistas.’’