Isaura Alice, Bulande Domingos e Sílvio Francisco, Rádio Pax-Beira, Moçambique
Os casos de assassinato de mulheres em Sofala, estão a ganhar contornos alarmantes nos últimos tempos. Para termos uma ideia, só no primeiro trimestre deste ano, Seis(6) mulheres forram mortas em Sofala, pelos seus parceiros, isso representa um aumento na ordem de 50%, quanto comparado com o igual período do ano passado, onde foram registados Três (3) casos.
Os dados foram partilhados, na última segunda-feira, em exclusivo, à reportagem da Rádio Pax-Emissora Católica da Beira, pelo porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Moçambique em Sofala, Dércio Chacate, o qual reconheceu que há situações de feminicídio que acontecem e, eventualmente, não chegam às autoridades policiais, motivadas por vários factores, dentre os quais a superstição.
O porta-voz do comando provincial da PRM em Sofala Sofala, aponta para infidelidade conjugal, aliada ao desrespeito intra-familiar, como a maior motivação para a ocorrência deste tipo de crime. Segundo Chacate, Beira, Dondo e Nhamatanda, são os distritos com maior foco de homicídio, dos casos apresentados pela PRM, todos os assassinos estão detidos. Um dos casos mais gritantes aconteceu no 15° bairro Chiungussura, onde um jovem matou a namorada e enterrou o corpo no interior da casa durante 9 meses.
Entretanto, uma equipe multissetorial, liderada pelas autoridades de justiça da província de Sofala, exumou o corpo da mulher de 32 anos de idade. A descoberta do crime causou revolta entre familiares e moradores da comunidade que exigiam justiça e investigação rigorosa para que o autor do crime macabro seja devidamente responsabilizado.
Fátima, irmã da finada, também expressou profunda dor e indignação diante do trágico desfecho. A secretária do bairro, Joana Fernando, visivelmente triste e preocupada com o caso, destacou a necessidade de maior segurança e vigilância na comunidade.
Diante dos vários casos relacionados ao assassinato de mulheres, questionamos à Mariana Basílio, psicóloga clínica, sobre o estado psicológico dos praticantes e os sinais que a mulher deve ter em consideração durante a convivência, ao que respondeu nos seguintes termos.
Entretanto, para primeira dama da província de Sofala, Emília Bulha, este é uma crise global, e que exige acções urgentes. Feminicídio é um mal que deve ser combatido o mais rápido possível, até porque reações vêm de todos os estratos sociais, o observatório do feminicídio por exemplo, expressou o seu repúdio à onda de assassinatos de mulheres que se registam nesta parcela do país.
De acordo com a diretora da Associação de Mulheres para a Promoção do Desenvolvimento Comunitário, AMPDC, Ângela Jorge, os casos registados neste trimestre constituem preocupação para o observatório de feminicídio, facto que levou a repudiar e apelar a todos a se posicionarem e olharem os casos com mais atenção.
Por sua vez Naira Cardoso, Coordenadora da AMPDC, destacou a falta de condições financeiras ou sustentabilidade e empoderamento econômico e social da mulher, como um dos principais factores que originam este mal. A mesma acrescenta ainda que estão sendo desenvolvidas várias acções com destaque para sensibilização nos bairros, através de palestras a nível das comunidades, assistência jurídica e partilha de linhas de denúncias, como forma de mitigar ou remediar casos de mortes de mulheres.
Júlia Monteiro, é uma empresária, ela sofre violência doméstica há Catorze anos, tem uma vida financeira estável, conta a seguir o drama que vive há cerca de uma década e meia. Juridicamente como que o cidadão deve proceder perante a um caso de violência doméstica, ou até feminicídio? Perguntamos o advogado Domingos Júlio de Sousa. Na sua resposta o jurista, fez saber que por ser um crime público, qualquer pessoa pode denunciar.
Padre João de Deus, Coordenador da Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz, mestrado em Estudos de Paz e Relações Internacionais, pela Hekima Colege da Universidade Católica da África de Leste – Nairobi, Quénia, desafia as autoridades a todos os níveis, sobretudo as de segurança e de justiça a ficarem em alerta. No seu entender as diferentes procuradorias da república, devem adotar estratégias coordenadas para mitigar ou até estancar este mal, na sua perceção os advogados como uma ala da justiça têm a vocação de defender os direitos humanos.
Padre João de Deus, disse à nossa reportagem que, é importante que haja políticas necessárias e multinacionais para travar a onda de assassinato de mulheres, quer na província de Sofala, assim como em todo o país.