Osmane Lourenço, 22 anos, juntou-se à longa fila de jovens que se querem recensear para o serviço militar em Cabo Delgado com uma única missão: entrar nas Forças Armadas para combater os rebeldes que devastaram a sua terra natal.
“Eu quero encarar estes tipos, eles fizeram-me sair da minha terra sem qualquer razão lógica”, explica à Lusa Osmane Lourenço, no meio de dezenas de jovens que se querem recensear.
São 07:00 e Osmane está entre os primeiros da longa fila que marcou o arranque do recenseamento militar em Mieze, no distrito de Metuge, a 25 quilómetros da capital provincial de Cabo Delgado (Pemba).
Osmane Lourenço lembra com dor sobre a “barbaridade” das incursões rebeldes que obrigaram a fugir de Macomia há dois anos e, hoje, vivendo como deslocado em Metuge, a ambição é voltar para casa, mesmo que para isso tenha de pessoalmente pegar em armas.
“Eu quero voltar para lutar pela minha terra”, frisa o jovem visivelmente de revoltado como uma guerra “sem fundamentos plausíveis”.
Não muito longe de Osmane, Martina Simão, 19 anos, prepara o seu bilhete identidade porque é a próxima da fila e, embora se considere motivada, não esconde algum receio, caso seja uma das alistadas.
Durante a cerimónia de lançamento do recenseamento em Metuge, o secretário de Estado de Cabo Delgado lembrou que a província é a terra dos “heróis”, em alusão ao facto de ter sido a província em que a luta de libertação colonial começou em 25 de setembro de 1964, com ataque a uma posição das Forças Armadas portuguesas no Posto Administrativo de Chai, em Macomia.
“Cabo Delgado é terra dos combatentes, de heróis, de valentes nacionalistas e o berço da luta de libertação nacional. Aspiramos continuar a gerar combatentes pela paz e pelo desenvolvimento”, disse António Supeia.
Fonte: DW